País a ‘meio gás’ esta quinta-feira. Greve da CGTP vai afetar escolas, hospitais, serviços públicos (e não só)

Esta quinta-feira é dia de greve e protestos em vários setores, pelo que é melhor contar com alguns condicionamentos ou constrangimentos em serviços públicos, ou até estabelecimentos, como escolas ou centros de saúde fechados.
A Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP-IN) convocou para esta quinta-feira um “Dia Nacional de Indignação, Protesto e Luta, com “greves e paralisações em todos os setores e em todo o País” e, segundo Ana Pires, da comissão executiva da intersindical, é “esperada um grande adesão”.
“Perspetivamos uma luta forte, e estamos confiante. Será uma luta próxima dos trabalhadores, também pelo número de greves e de setores em convergência, com várias ações de protestos nos últimos meses, como temos observado, e algumas ainda a serem marcadas”, adianta a responsável à Multinews.
Ana Pires fala numa “grande mobilização de trabalhadores” para os protestos desta quinta-feira, dizendo que os trabalhadores da administração pública, mas também de outros setores, estarão” a lutar no local de trabalho e depois a convergir para as ruas”, em manifestações e ‘Praças da Indignação’, onde os profissionais reclamarão reivindicações como o aumento dos salários, controlo dos preços dos produtos essenciais pelo Governo ou taxação dos lucros extraordinários das grandes empresas e grupos económicos, bem como por uma maior valorização profissional.
Assim, perante uma “indignação generalizada”, Ana Pires, da CGTP, diz à Multinews que será uma “greve transversal” e enumera os setores onde se prevê grande adesão, e que, por isso, poderão registar problemas esta quinta-feira: Administração Pública, serviços públicos, escolas, saúde (centros de saúde e hospitais), transportes públicos (para além dos comboios), indústrias alimentar, metalúrgica e química, bem como o comércio a retalho.
As greves, ressalva a responsável sindical, serão variadas, podendo em alguns casos ser de uma hora ou algumas horas, noutros casos, o dia inteiro, havendo ainda planeados plenários de trabalhadores de vários setores.
Escolas fechadas
Se é pai ou mãe e tem filhos em idade escolar, saiba que é possível que algumas escolas estejam encerradas esta quinta-feira, no âmbito das greves, protestos e paralisações que irão afetar várias áreas nesse dia, 9 de fevereiro, incluindo o setor da educação, no que diz respeito a funcionários escolares.
A Multinews sabe que alguns estabelecimentos de ensino já estão há alguns dias a enviar avisos aos pais a comunicar a possibilidade de não estarem abertos e em funcionamento na quinta-feira.
“Vimos informar que em virtude de estar convocada uma greve pela Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais para o dia 9 de fevereiro de 2023 não será possível assegurar o normal funcionamento nesse dia”, lê-se numa das missivas de aviso que foi enviada por uma direção escolar aos encarregados de educação.
A greve de professores convocada pela Fenprof terminou esta quarta-feira, mas continua a paralisação decretada pelo Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (STOP).
CP e IP em greve condicionam também Fertagus
Os trabalhadores da CP – Comboios de Portugal e da Infraestruturas de Portugal (IP) vão estar em greve esta quinta-feira devido à falta de resposta às propostas de valorização salarial, a Fectrans.
“A direção do SNTSF/Fectrans [Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Setor Ferroviário/Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações] em reunião hoje realizada decidiu enviar um pré-aviso de greve à CP, à IP – Infraestruturas, à IP-Telecom, à IP-Património e à IP-Engenharia, para o dia 9 de fevereiro, com a duração de 24 horas”, lê-se numa nota divulgada.
Em causa está a falta de resposta das duas empresas às propostas de valorização salarial.
Para os sindicatos, as propostas entregues “ficam muito aquém” dos valores necessários para que seja reposto o poder de compra dos trabalhadores.
A CP informou depois que o Tribunal Arbitral não decretou serviços mínimos para a greve de trabalhadores que começa na quarta-feira e alargou as previsões de “fortes perturbações” na circulação até 21 de fevereiro.
Assim, a empresa prevê “fortes perturbações na circulação de comboios, a nível nacional, no período entre as 00:00 do dia 08 de fevereiro de 2023 e as 24:00 do dia 21 de fevereiro de 2023”.
O serviço ferroviário da Fertagus, que liga Setúbal e Lisboa, informou também que vai ter “perturbações” na quinta-feira, devido à greve da Infraestruturas de Portugal (IP), segundo a transportadora.
Numa nota publicada no seu site, a Fertagus – que explora esta linha ferroviária, com passagem pela Ponte 25 de Abril, mediante o pagamento de uma taxa de utilização à IP – refere que os condicionamentos na circulação dos comboios vão registar-se entre as 00:00 e as 24:00 daquele dia.
“Uma vez que não foram decretados serviços mínimos pelo CES – Conselho Económico e Social, não conseguimos prever os horários que serão possíveis realizar”, refere a empresa.
Trabalhadores da Misericórdia de Lisboa em greve
Os trabalhadores da Misericórdia de Lisboa marcaram greve para o dia 9 de fevereiro e greve às duas primeiras horas de cada turno na semana entre 13 e 17, para reivindicar aumentos salariais ou progressões na carreira.
Em declarações à agência Lusa, um dirigente sindical do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas (STFPSSRA) adiantou que cerca de cem trabalhadores, de três setores da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa: logística, motoristas e funcionários das Casas de Acolhimento da Direção de Infância e Juventude, realizaram hoje um plenário frente à sede da instituição, em Lisboa.
Segundo Joel Canuto, do plenário saiu a decisão de marcar greve para 09 de fevereiro, quinta-feira, Dia Nacional de Indignação, Protesto e Luta, além de avançar com greve às duas primeiras horas de cada horário de trabalho, na semana entre os dias 13 e 17 de fevereiro.
Trabalhadores das telecomunicações e do audiovisual juntam-se à luta
Os trabalhadores das telecomunicações e do audiovisual vão estar em greve esta quinta-feira, no mesmo dia em que está agendada a jornada de luta da CGTP, reivindicando aumentos salariais para fazer face ao impacto da inflação.
“O SINTTAV [Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisual] meteu um pré-aviso de greve para a generalidade das empresas do setor”, indicou, em comunicado, a estrutura sindical.
O SINTTAV lamentou que o Governo e a generalidade das empresas continuem a “‘saga’ de exploração” dos trabalhadores, quando estes têm “cada vez menos poder de compra”.
Para o sindicato, o Governo não tem adotado qualquer medida para impedir o “brutal aumento” dos preços, o que leva a uma subida do preço dos brutos, que classificou como um “roubo descarado”.
Na quinta-feira, no âmbito da jornada de luta, agendada pela CGTP, vão decorrer concentrações e plenários em Faro, Aveiro, Beja, Braga, Castelo Branco, Coimbra, Évora, Guarda, Leiria, Lisboa, Funchal (Madeira), norte alentejano, Porto, Santarém, Vila Real, Viseu e Setúbal.