“Não se perspetiva luz ao fundo do túnel. E o túnel é cada vez mais longo”: Diretores escolares preocupados com falta de acordo entre professores e Governo

Após mais uma ronda negocial entre o Ministério da Educação e várias estruturas sindicais de professores e não-docentes, o ‘braço de ferro’ no setor, que tem saído para a rua em greves, protestos, marchas e manifestações em todo o País, as perspetivas de acordo parecem poucas. Alguns sindicatos já ameaçaram continuar com as greves, perante a resistência do Executivo em responder às reivindicações dos docentes, e os diretores escolares estão preocupados com uma situação sem vim à vista.

“Não se perspetiva uma luz ao fundo do túnel. E o túnel é cada vez mais longo”, aponta Filito Lima, presidente da direção da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP).

Em entrevista à Multinews, o responsável assinala que “não há esperança na resolução deste diferendo em curto espaço de tempo” e lamenta que o acordo não esteja no horizonte breve. “O que gostaríamos é que se entendessem em todos os assuntos que estivessem em cima da mesa”, sustenta

Esta sexta-feira, à saída de mais uma sessão negocial com o Governo, Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof (Federação Nacional dos Professores), que a luta dos professores vai continuar e que na manifestação nacional de 11 de fevereiro vão ser anunciadas novas formas de luta dos professores.

“A reunião [no Ministério da Educação] ficou muito aquém das já baixas expectativas”, apontou o responsável sindical. “Além da falta de um projeto escrito, faltaram respostas a todos os assuntos que vão além do regime de concursos. Sobre este tema, registaram-se avanços, aos quais a luta dos professores não é alheia”, explicou, dando como exemplo “a graduação profissional como único critério para colocar professores”, assim como o “regime de vinculação”, embora neste particular “não estejam resolvidos todos os problemas”.

À Multinews, Filinto Lima destaca que é importante que todos os temas quentes, como “o modelo de avaliação de professores, os apoios que não existem ara docentes que são colocados longe de casa, as barreiras para passar de escalões” estejam em cima da mesa. “Não podemos continuar a empurrar com a barriga, como fizeram sucessivos governos.

A Fenprof destacou hoje que que “não há acordo nenhum” e que há “motivos suficientes” para a “luta dos professores continuar”. A estrutura diz que o Ministério de João Costa apresentou duas hipóteses de acordo. um global, que os sindicatos não aceitaram “porque há aspetos dos quais discordamos”, e uma segunda modalidade que consistia na assinatura de dez acordos parcelares, um por cada aspeto do acordo global. Mário Nogueira sublinhou que os sindicatos não vão aceitar “um acordo a granel” nem assinariam “acordozinhos” mas sim um acordo global.

A tensão continua a escalar entre sindicatos e Governo, e os diretores lamentam que assim seja, pois os próprios alunos dicam “desiludidos” perante a resposta que está a ser dada à luta dos professores.

“Ficam com pouca vontade (ou nenhuma, os que a tinham) de virem a ser professores no futuro. Arriscamos um problema de escassez de professores, que pode ser a próxima pandemia a afetar o País”, aponta Filinto Lima, sempre defendendo “as justas reclamações dos docentes”

O responsável da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP) diz à Multinews que um eventual efeito grave das greves no aproveitamento dos alunos “é uma falsa questão”.

“Depende sempre do número de turmas e alunos afetados, que não tiveram aquela aula, naquela hora, que aquele professor estava a lecionar… É há greves que são algumas horas ou um dia. É relativo”, sustenta.

“Mas, é evidente que estamos com um plano de recuperação de aprendizagens [lançado no âmbito da pandemia], e que este pode ser mais um constrangimento à sua concretização”, realça Filinto Lima, defendendo que o foco da questão não deve ser “virarmo-nos contra os professores, que merecem todo o respeito e consideração”.

“A APED antes de 9 de dezembro, quando começou a onda de greves, já tinha alertado que era bom que o ministro da Educação fizesse um balanço do Plano de Recuperação de Aprendizagens, para avaliação do que está a ser feito. Agora fazemos o mesmo alerta ainda com mais ênfase”, termina Filinto Lima.

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