Terramoto na Turquia: Erdogan promete 500 euros a cada família afetada e anuncia “enorme operação de realojamento”

O Presidente da Turquia Recep Tayyip Erdogan anunciou que cada família afetada pelos terramotos que devastaram várias regiões do país esta segunda e terça-feira vai receber 10 mil liras turcas, cerca de 500 euros, como apoio, e garantiu que Ancara vai lançar “uma enorme operação de realojamento” nas 10 províncias mais destruídas pelos abalos.

O anúncio foi feito por Erdogan esta quarta-feira, durante uma visita à província de Kahramanmaras, zona do epicentro dos terramotos. O Presidente acompanhou os trabalhos de busca e resgate de vítimas nos escombros e falou com algumas vítimas e familiares, sublinhando que os esforços de construção de casas irão ter ali lugar “tal e qual como em outras províncias afetadas pelos desastres”, segundo refere a agência de notícias Anatolia.

A ação desta quarta-feira, mostra que Erdogan está preocupado com os efeitos políticos do terramoto. Historicamente, o eleitorado turco tem pouca tolerância para incompetência na gestão de desastres naturais e respetivos efeitos.

O caso mais recente, com os terramotos de 1999 que mataram 17 mil pessoas, deixou a descoberto a desorganização do governo do então primeiro-ministro Bülent Ecevit, bem como as consequências da corrupção na classe política do país.

O desastre, associado à crise económica de 2000 e 2001, levou a uma desconfiança do eleitorado turco perante as elites seculares e levou à subida do partido AKP de Erdogan, que governa o país desde 2002. Agora, mesmo antes de uma nova eleição que se antecipava ser renhida, Erdogan tem muito a perder.

Ainda que a Turquia esteja melhor preparada para responder a um terramoto do que há 24 anos, a verdade é que a realidade entre as grandes cidades, como Istambul ou Ancara, não é a mesma do que na periferia ao sul do país.

As autoridades dizem que cerca de 20 mil profissionais dos serviços de emergência e socorro, bem como militares estão a trabalhar nas áreas afetadas, mas multiplicam-se os relatos da população, divulgados nas redes sociais, de que a ajuda tarda a chegar em cidades como Hatay, Diyarbakir ou Kahramanmaras.

A oposição de Erdogan, também já começou a ‘afiar as armas’. Ugur Poyraz, secretário-geral do partido nacionalista IYI, disse em entrevista à Reuters que não viu sinais de socorristas nas áreas mais afetadas pelos terramotos.

“Não há coordenação da ajuda profissional. Os cidadãos e equipas estão a juntar-se em equipas de resgate e eles sozinhos a organizar-se para salvar pessoas dos escombros”, garante.

O responsável da Presidência pelas comunicações, Fahrettin Altun, já respondeu ao ataque e anunciou o lançamento de uma app governamental, o Serviço de Denúncia de Desinformação, que permitirá aos utilizadores reportar pessoas que “produziram ou disseminaram notícias falsas ou desinformação” sobre os terramotos.

Com a inflação anual a exceder os 64%, a lira turca em queda livre, e a popularidade de Erdogan nos níveis mais baixos de sempre, os esforços de reconstrução e recuperação após os sismos vão certamente dificultar ainda mais a situação frágil da economia turca.

Erdogan tem assim o caminho para a reeleição dificultado.

Por outro lado, o estado de emergência declarado pelo Presidente turco vai acabar uma semana antes de 14 de maio, a data que Erdogan propôs para as eleições gerais no país.

Com as limitações de direitos e liberdades que pode ocorrer neste estado de exceção, isto significa que os partidos da oposição poderão ver as suas campanhas, nas áreas mais importantes para juntar votos contra o atual Presidente, proibidas ou seriamente condicionadas.

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