Primeiro ensaio Skoda Kodiaq: um belo urso!

Após ter ficado a conhecer, por dentro, como a Skoda fez a formação sobre o Kodiaq à sua força de vendas, foi-me permitido cumprir algumas dezenas de quilómetros ao volante das versões gasolina e diesel do primeiro SUV da casa checa. Curtinho, mas suficiente para ter ficado a gostar deste… urso!

Sim, é verdade, a Skoda esticou-se e pela primeira vez na sua história oferece ao mercado um carro com sete lugares capaz de se ilustrar num dos mais competitivos segmentos do mercado. E fê-lo de forma muito inteligente, pois sabendo que a maioria dos seus clientes nunca pensou num SUV e que os restantes andam a sondar outras marcas, criou uma carrinha arraçada de SUV com todas as “Simply Clever” aplicações já famosas na Skoda.

Olhe bem para as fotos. Parece grande o Kodiaq não é? Mas olhe que a realidade é bem diferente e, contas feitas, o SUV da Skoda tem, apenas, mais quatro centímetros que uma carrinha Octavia. É mais curto que um Superb! Ou seja, não fique ao a pensar que ter um Kodiaq é bilhete certo para raspadelas nas paredes das vielas de Lisboa ou dificuldade em arrumar o carro em espaços apertados. Não é verdade e porque este é um Skoda, para o ajudar ainda mais, há várias coisas “Simply Clever” para o ajudar.

Primeiro, patilhas em plástico que saltam do seu nicho e se colocam no gume da porta. Assim, se a criança, a sogra ou as tias abrirem a porta no estacionamento do centro comercial, podem bater com ela à vontade que essa proteção evita dar-lhe cabo da pintura. Depois, o Kodiaq oferece uma visão 360 graus em redor do veículo, o que é preciosa ajuda. Finalmente, o carro não é tão grande assim!

Seja como for, é um rival do Nissan X-Trail, do Kia Sorento, do Hyundai Santa Fé, do Toyota RAV4, do Ford Kuga e Honda CRV. Assim mais longe ficam o BMW X3 e o Audi Q5. Mesmo que este último seja igual por baixo…

Os sete lugares oferecidos pela Skoda no Kodiaq não servem a toda a gente. Supostamente servem, mas nem à sogra se deseja uma viagem longa nos dois banquinhos da mala. Felizmente que na Skoda pensam em tudo e assim, a segunda fila de bancos avança ou recua em calhas, para beneficiar o espaço dos ocupantes do banco central ou os “escondidos” lá atrás na mala. Portanto, se faz muita questão de ter o carro com sete lugares, diga aos miúdos que “comigo vão sempre atrás” e se tiver algum amigo menos companheiro, meta-o lá atrás.

A bagageira é generosa seja qual for a configuração. Com sete lugares, fica espaço para a escova de dentes e a mala do picnic e mais algumas tralhas. Com cinco lugares são 650 litros e com apenas dois lugares (o banco traseiro rebate 60/40) mais de dois mil litros. É à grande e à Skoda!

O interior é típico da marca checa e podia fechar os olhos que ao entrar no Kodiaq saberia, exatamente, onde me estava a sentar. Depois há uma série de pormenores inteligentes – chapéu de chuva a ser colocado dentro da porta para não molhar ou ocupar espaço, lanterna recarregável na bagageira facilmente utilizável e a pequena cunha que está alojada na tampa do depósito e que ajuda a tirar o gelo do para brisas – e muita tecnologia a bordo. Ligações USB, carregamento sem fios de telemóvel, possibilidade de transformar o carro num hotspot wifi.

Veja quanto lhe pode custar o Skoda Kodiaq

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É mais alto que um Passat, mas o Kodiaq utiliza a mesma plataforma do modelo da Volkswagen, a MQB, e por isso o comportamento do Skoda é muito interessante. O contacto foi muito curto, mas deu para perceber que o Kodiaq é tudo menos um urso!

Leve, ligeiro (não são a mesma coisa!) e fácil e conduzir, aceita mudar de direção com qualidade e sem dar motivos de preocupação ao condutor. Qualquer um pode tirar o melhor do Kodiaq sem ser obrigado a pedir aulas a um piloto. A carroçaria é rígida, exibe pouco rolamento e nos testes fora de estrada a que assisti com pessoas ao volante que tinham algumas dúvidas sobre a capacidade do Kodiaq, o Skoda passou com distinção. Sim, que há Kodiaq com tração dianteira ou 4×4 e nestes há um pacote Off Road que ajuda nestas coisas. Em Portugal, 4×4 só por encomenda, os restantes são de tração dianteira.

E aqui tenho de lhe dizer que gostei muito mais do Kodiaq com motor a gasolina. Primeiro porque nessa configuração e com o bloco 1.4 TSI com 150 CV, o carro pesa menos de 1500 quilogramas. Depois, o motor revela-se frugal (a média não passou dos 7 l/100 km), silencioso e muito agradável de utilizar, sempre com um andamento vivaço. Já o turbodiesel, e mesmo na versão de 180 CV, é mais barulhento, acaba muito mais depressa em termos de patamar de utilização. Enfim, acho que deve optar pela versão a gasolina e poupar uns cobres.

Já me esquecia! O Skoda Kodiaq tem uma belíssima qualidade de construção, elevando uma vez mais os patamares de qualidade face a muitos rivais. Tudo está bem montado e arrumado. Mas fiquei triste com o facto das portas baterem com um ruído fraquinho que parece ter origem nas borrachas.

Veredicto

O Kodiaq é um belo urso! Não… não é pejorativo. O Kodiaq surpreendeu-me – ainda não o conhecia – pelas suas qualidades e por ter acertado, em cheio, no coração do segmento. Porque? Porque com o urso, perdão, o Kodiaq você desfruta de uma carrinha (até a forma ajuda), de um monovolume (sete lugares) sem os constrangimentos de ser identificado como condutor já idoso que carrega os netos, e de um SUV, graças à tração integral. Capaz de rebocar até duas toneladas, exibindo uma mala generosa e um estilo sedutor, o Kodiaq tem tudo para ser um sucesso. E tal como o urso Kodiak, o Skoda Kodiaq é “fofinho”.

José Manuel Costa