‘Orthrus’: Nova variante da Ómicron tem uma mutação “preocupante” da Delta, alertam cientistas

Após a XBB.1.5, também conhecida como ‘Kraken’, ter-se tornado a estirpe dominante da Covid-19 nos Estados Unidos da América (EUA), sendo responsável por um número estimado de 61% dos casos, de acordo com os dados federais de saúde, há agora uma nova preocupação: a CH.1.1, apelidada de ‘Orthrus’.
Os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA estão a analisar esta nova estirpe da variante Ómicron com uma mutação Delta, visto que se estima ter causado 1,5% dos casos nos EUA, revela a revista Fortune. O nome ‘Orthrus’, associado ao mítico cão de duas cabeças de Hércules, foi-lhe atribuído pelo rastreador de variantes australiano Mike Honey.
Apesar de ainda não se saber muito sobre a estirpe relativamente nova, cujos níveis têm vindo a aumentar globalmente desde novembro, tal como outras variantes tem potencial para ser mais transmissível, escapar à imunidade de vacinas e infeções e causar doenças mais graves.
Além disso, apresenta uma mutação preocupante em comum com a variante Delta que pode torná-la um perigo. Embora a CH.1.1 não seja uma ‘Deltacron’ – uma combinação entre a Delta e Ómicron – é um excelente exemplo de evolução convergente, um processo através do qual as variantes do coronavírus evoluem independentemente, mas captam as mesmas mutações.
Onde e quando foi descoberta?
A CH.1.1 surgiu no sudeste asiático neste outono e é agora responsável por mais de um quarto das infeções em partes do Reino Unido e da Nova Zelândia, de acordo com um documento pré-impresso divulgado, na semana passada, por investigadores da Universidade Estatal de Ohio, nos EUA.
Propagou-se acentuadamente desde novembro e compreende agora cerca de 10% das amostras de Covid-19 diárias em todo o mundo, segundo o outbreak.info, estando por isso a ser monitorizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), informou a organização internacional num relatório partilhado na quarta-feira.
Em que países foi identificada?
De momento, é a Nova Zelândia o país com mais casos de CH.1.1, verificando-se mais de um terço do total de casos. Também Hong Kong e Papua Nova Guiné destacam-se nesta lista, compreendendo cerca de um quarto dos casos em cada país, seguindo-se do Camboja e da Irlanda, com um pouco menos de um quinto do total de casos.
Porque é tão preocupante?
Apesar de a XBB.1.5 continuar a ser a estirpe da Covid-19 mais transmissível até agora, de acordo com um relatório de 19 de janeiro do rastreador de variantes Cornelius Romer, a CH.1.1, tal como a XBB.1.5, é altamente transmissível, com níveis que duplicam de duas em duas semanas, aproximadamente.
Esta estirpe tem capacidade de se infiltrar no local onde o coronavírus infeta células humanas, alertaram os investigadores do Estado de Ohio, o que significa que tem o potencial de anular, ainda que parcialmente, a imunidade dos anticorpos contra infeção e vacinação anteriores, bem como de causar doenças mais graves.
Como evoluiu?
A CH.1.1 é uma descendente da BA.2.75, uma variante que foi apelidada de ‘Centauro’ este verão, mas que acabou por se dissipar. Atualmente, a maioria das estirpes dominantes são descendentes ou de BA.5, que percorreu o mundo este verão, ou de BA.2.75, a variante “família”, frisam os especialistas.
Caso tenha sido recentemente exposto a uma variante de BA.5, pode estar menos vulnerável a novas variantes de BA.5 durante algum tempo, contudo está mais vulnerável a variantes de BA.2.75, e vice-versa. De notar que XBB.1.5 também é descendente de BA.2.75.
A vacinação protege contra esta estirpe?
A proteção oferecida pela vacina original contra o vírus SARS-CoV-2 está a diminuir, advertiram os investigadores do Estado de Ohio ao recomendar a vacinação de reforço. Contudo, notaram que as vacinas disponíveis oferecem menos proteção contra a CH.1.1 e a CA.3.1 do que contra outras variantes como a XBB e a BQ.1.1.