Nova porta da Câmara dos Lordes no Reino Unido custa dois altares-palco da JMJ e está a gerar polémica

Os custos de reparação da porta da frente da Câmara dos Lordes, a câmara alta do Parlamento do Reino Unido, mais do que triplicaram em apenas um ano e atingiram os 9 milhões de euros, gerando uma onda de críticas que ecoa semelhante à que, em Portugal, tem envolvido o palco-altar da Jornada Mundial da Juventude em Lisboa, com um custo de mais de quatro milhões de euros.
As remodelações da Entrada dos Pares (‘Peers Entrance’), que inclui a porta, o gradeamento e o arco de pedra trabalhada deste acesso, no Parlamento, estavam orçamentadas em pouco mais de 2,2 milhões de euros mas, de há um ano para cá, os custos dispararam e a obra está ainda atrasada, devido às reparações que decorrem na zona envolvente. Assim, e com o palco já JMJ de Lisboa avaliado em 4,2 milhões de euros, com os custos da estrutura de fixação ao solo a aumentarem para perto dos cinco, a nova porta da polémica no Reino Unido custa qualquer coisa como dois palcos do evento que vai trazer o Papa Francisco de volta a Portugal.
O caso está a gerar grande alarido político no Reino Unido, com alguns deputados e responsáveis, de ambos os partidos, a criticarem os gastos, especialmente numa altura marcada pelas dificuldades da população perante a inflação e aumento do custo de vida.
Os Conservadores já terão tentado saber de todos os custos reais da obra, mas os Lordes têm recusado responder às perguntas, pelo que Lord Forsyth, que representa os Conservadores na Câmara dos Lordes diz que “é completamente inaceitável que recusem responder ao parlamento”.
“Num tempo de grande pressão dobre a despesa pública, seria um direito dos contribuintes e membros do Parlamento serem informados do que está a ser gasto, especialmente quando as somas envolvidas são tão enormes”. A entrada a sete milhões de libras será digna de ir para o Livro de Recordes do Guinness, e o custo triplicou num ano”, lamentou.
“Estou abismado com os custos. Parecem subir à medida que respiramos, mas ninguém parece estar a ter a aprovação do Parlamento”, apontou o responsável do Partido Trabalhador na Câmara dos Lordes.
Lord Gardiner de Kimble, porta-voz da Câmara dos Lordes, disse em reposta, citada pelo The Telegraph, que “o custo dos trabalhos de reparação aumentaram devido a atrasos causados por problemas descobertos durante avaliações iniciais e outros trabalhos a decorrer na área”.
“Os aumentos também foram causados pela inflação, o que significa que os gastos se revelaram geralmente mais altos do que o estimado. Por razões de segurança, não publicamos ou comentamos os custos de trabalhos de segurança em edifícios parlamentares”, acrescenta o responsável.
A notícia surge ao mesmo tempo que enormes quantias estão a ser gastas pelos contribuintes ingleses no programa de renovações do Palácio de Westminster, onde as obras ainda nem começara.
Uma avaliação inicial, feita em fevereiro do ano passado, apontava para que as obras durassem até 76 anos a estarem completas, caso os deputados continuassem a trabalhar no edifício durante os trabalhos.