Marco histórico na fusão nuclear: EUA conseguem criar energia que pode abastecer uma família durante 80 anos com átomos que cabem num copo de água

O Laboratório Nacional Lawrence Livermore, fundado pela Universidade da Califórnia em 1952, obteve pela primeira vez na história da física um ganho líquido de energia numa reação de fusão – ou seja, o reator conseguiu gerar mais energia do que a necessária para a operação. “Este é um grande dia”, precisou Jennifer M. Granholm, secretária da Energia da Administração Biden. “É uma das conquistas científicas mais importantes do século XXI”, acrescentou.

Pouco antes da sua morte, o grande cientista Stephen Hawking foi questionado sobre qual era a ideia mais promissora que poderia mudar a história da humanidade. Ele escolheu a fusão nuclear, uma tecnologia que, quando madura, poderá revolucionar as relações internacionais, económicas e ambientais.

A reação de fusão, realizada num laboratório do Governo americano, produziu um ganho líquido de cerca de 1,3 megajoules de energia, mais ou menos o que uma lâmpada de LED consome durante 28 horas – tal foi a energia gerada que danificou parte das máquinas usadas para analisar os resultados, o que complicou a avaliação.

“Hoje dizemos ao mundo que a América conseguiu um grande avanço científico”, destacou o secretário de Energia. “Foram reproduzidas as condições que criam energia nas estrelas.” – e que representa um marco na produção de energia abundante, limpa e segura.

A fusão não produz emissões de gases de efeito estufa nem gera resíduos radioativos de longo prazo. Para gerá-lo, são utilizados hidrogénio e lítio, dois materiais abundantes na Terra, pois tem potencial para ser acessível em qualquer lugar do planeta. Além disso, são necessários volumes muito pequenos para produzir teoricamente grandes quantidades de energia – os átomos que cabem num copo de água seriam suficientes para abastecer uma família durante 80 anos.

Granholm estabeleceu o objetivo de “criar energia de fusão na próxima década” da forma mais eficiente possível. No entanto, mesmo nas estimativas mais otimistas, estima-se que poderá levar várias décadas para que essa tecnologia seja viável no mercado. Um dos principais desafios para que a fusão seja comercial será fazer com que a reação dure mais tempo.

“É um grande passo acreditar que esta pode realmente ser a fonte de alta densidade de energia massiva e concentrada que a humanidade precisa”, precisou José Manuel Perlado Martín, professor emérito de Física Nuclear e presidente do Instituto de Física Nuclear Guillermo Velarde, da Universidade Politécnica de Madrid, ao ‘Science Media Center Spain’.

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