Famílias a residir em garagens, lojas e caves, ou a alugar quartos por 650 euros por mês. Cáritas denuncia cenário de crise na habitação

Numa altura em que o Governo se prepara para aprovar a primeira parte de uma série de medidas do programa Mais Habitação, a Cáritas descreve um cenário de crise desolador para muitas famílias, que se veem obrigadas a dormir em espaços sem licença de habitação, como garagens, lojas ou caves.

O cenário é descrito por técnicos da instituição de solidariedade da Igreja, à Rádio Renascença, que atuam em Braga, onde o cenário é particularmente difícil. Chegam à Cáritas da diocese casos de sobreocupação de casas e de falta de condições dignas de habitabilidade.

Há famílias que não têm outra hipótese que não dividir apartamentos, ou até mesmo a recorrer ao aluguer de quartos, que podem chegar aos 650 euros.

Uma das técnicas da Cáritas conta a situação de uma família de 11 pessoas a dividir um apartamento T3. Desde fevereiro, a autarquia já sinalizou mais de 100 pessoas a residir em condições indignas. O presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio, conta o caso de um restaurante que foi ‘transformado’ numa casa que acomodaria 10 pessoas, e que cobravam 300 a 400 euros por pessoa.

Para além do aumento dos preços das rendas, que dispararam para o dobro em cinco anos – a média de 450 euros por um T3 passou para 900 -, o aumento do custo de vida e a inflação vêm fragilizar ainda mais algumas situações.

O aumento é resultado da falta de oferta na cidade de Braga, perante um crescimento da procura por habitação. Com mais 12 mil habitantes acumulados em 10 anos, foi a cidade em Portugal em que os preços relativos das rendas mais aumentaram, ainda que os valores absolutos sejam mais baixos dos que os praticados noutras grandes cidades portuguesas.

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