“Europa está mais unida do que nunca” no apoio à Ucrânia. Mas isso pode mudar se o custo de vida continuar a subir, aponta sondagem

Mais de um ano após o início da invasão russa na Ucrânia, a Europa demonstra-se “mais unida do que nunca” no apoio ao país invadido, contudo é um sentimento frágil e condicionado pelas consequências que a guerra tem trazido ao Ocidente.
As condições de vida dos europeus têm sido afetadas em diversas áreas devido à ofensiva militar da Rússia sob Kiev que não tem fim à vista, através da inflação dos produtos e inclusive bens essenciais, cada vez mais difícil de enfrentar. No entanto, mesmo perante as dificuldades, a União Europeia (UE) tem respondido ao presidente russo, Vladimir Putin, com sanções internacionais para marcar a sua posição neste conflito.
A postura que a UE tem assumido faz com que seja vista como “mais forte” do que antes da guerra, perceção que os cidadãos partilham acerca dos Estados Unidos da América (EUA), considerando que as duas potências ocidentais nunca anteriormente estiveram tão próximas e alinhadas – o que poderá vir a ser alterado em 2014 com as eleições presidenciais americanas, dado que há membros do Partido Republicano a defender a imposição de limites na ajuda a Kiev -, segundo uma sondagem feita pelo European Council on Foreign Relations (ECFR).
A condenação da iniciativa de Putin proporcionou a união de partidos tanto de esquerda como de direita, levando os liberais a dar mais importância ao investimento no poder militar. Já os nacionalistas passaram a valorizar, de forma diferente, a diplomacia europeia, recuando no seu discurso antieuropeu e isolacionista.
Já a opinião do povo europeu quanto à Rússia é distinta, tendo piorado desde que Putin invadiu o território ucraniano. Atualmente, cerca de 82% dos participantes encaram Moscovo como “adversário” ou “rival” e quase 50% defendem estar mais “fraco” em relação ao ano passado.
Ainda que a guerra seja considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial, 38% dos europeus apoiam a continuação do conflito até que seja possível reconquistar todo o território ocupado e declarada a vitória da Ucrânia, mesmo que isso implique o prolongamento dos ataques no campo de batalha, de acordo com o estudo feito em janeiro de 2023, do qual fizeram parte quase 15 mil pessoas naturais de dez países europeus, incluindo Portugal.
Este sentimento de apoio revelou-se diferente de quando foi feito o último relatório do ECFR, no ano passado, altura em que o povo europeu argumentou que a Europa devia ajudar a Ucrânia e terminar as relações com a Rússia, mas defendeu como prioridade o fim da guerra, apesar de poder significar perdas territoriais para Kiev.
Até ao momento, não é conhecido o número de baixas civis e militares do conflito, porém diversas fontes, entre as quais a Organização das Nações Unidas (ONU), admitiram que será mais elevado do que os números oficiais.