Ditador norte-coreano dá forte sinal ao trazer a filha para cerimónia militar: quem é Kim Ju-ae, de 12 anos, apontada como sucessora?

Kim Jong-un deu recentemente um forte sinal sobre os seus planos para a sucessão: por ocasião do 75º aniversário da fundação das forças armadas da Coreia do Norte, a filha do ditador, Kim Ju-ae, de 12 anos, surgiu em diversas fotos a caminhar ao lado do pai e da sua mãe, Ri Sol-ju – foi mesmo fotografada ao lado do pai enquanto os dois estavam cercados por alguns dos principais oficiais militares do país na celebração.

Segundo os órgãos de comunicação estatais norte-coreanos, esta foi a quarta aparição pública de Ju, a segunda dos três filhos de Kim (um filho e duas filhas). “Os comandantes do Ministério da Defesa Nacional e os comandantes militares e políticos das grandes unidades combinadas saudaram com a mais calorosa reverência o respeitado camarada Kim Jong-un quando chegou ao alojamento junto com a sua filha”, informou a Agência Central de Notícias da Coreia (KCNA).

O jornal oficial do partido no Governo na Coreia do Norte, ‘Rodong Sinmun’, descreveu a criança como a “filha respeitada” de Kim, sublinhando ser o centro das atenções ao lado do seu pai.

Segundo os especialistas, a surpreendente exibição da famílai do líder norte-coreano está ligada às suas ambições militares: Kim aparentemente vê essa exibição como a garantia mais forte da sua sobrevivência a e extensão do domínio dinástico da sua família, o que fez crescer os debates sobre se estará a ser escolhida como sucessora.

Mas tirar conclusões sobre a sucessão seriam precipitadas pois isso implicaria uma mudança inédita nos costumes de uma sociedade dominada por homens e quase certamente desencadearia resistência dos escalões superiores predominantemente masculinos do país, tanto no mundo militar quanto político.

Na sua primeira aparição, Kim Ju-ae participou num teste de voo de um míssil balístico intercontinental, em novembro último: acompanhou ainda o seu pai a uma reunião com cientistas militares e uma inspeção de mísseis balísticos.

“Acho difícil acreditar que esta menina será capaz de substituir o pai, principalmente porque ela é mulher”, apontou Toshimitsu Shigemura, professor da Universidade Waseda de Tóquio, no Japão, e autor de vários livros sobre a dinastia Kim. “A Coreia do Norte continua a ser uma sociedade profundamente conservadora. A hipótese de Kim Ju-ae emergir como sucessora do seu pai é impossível”, relatou.

“Acredito que Kim fez a sua filha surgir a seu lado perante os media e em locais bastante simbólicos para demonstrar a sua determinação na liderança do Governo, apesar dos gravíssimos problemas que o país enfrenta devido às sanções económicas e ao fecho das fronteiras por causa da pandemia”, relatou Shigemura. “Está a tentrar distrair a atenção das pessoas, mostrar a sua família feliz e até encorajar o povo a expressar o quanto está impressionado com ele não só como pai mas também como líder.”

No entanto, há especialistas que apontam que esta exibição de sucessão pode causar problemas a Kim Jong-un. “Ainda é muito cedo para rotular a filha de Kim como a sua sucessora. Mas está claro que os fracassos económicos e diplomáticos da Coreia do Norte levaram Kim a associar cada vez mais a sua marca aos militares”, referiu Leif-Eric Easley, professor associado de estudos internacionais na Ewha Womans University, em Seul.

Mas “essas imagens podem não ser bem-vindas em Pequim, uma vez que os patrocinadores chineses da Coreia do Norte preferem lidar com ditadores desenvolvimentistas e tecnocratas económicos do que uma dinastia familiar que empunha mísseis nucleares”, garantiu o especialista.

Ler Mais



loading...
Notícias relacionadas