Covid-19: Nova variante apareceu na “pior altura” para Portugal. Especialistas defendem restrições de viagem “imediatas”

A nova variante, identificada na África do Sul, pode ser um motivo de “preocupação e apreensão”, tendo aparecido em Portugal na “pior altura”, devido ao aumento exponencial de casos de Covid-19.

“É a pior altura para aparecer uma nova variante porque estamos a caminho dos quatro mil casos (diários)”, refere Henrique Oliveira, investigador do Instituto Superior Técnico, em declarações à Multinews.

Segundo o responsável, “aparecer uma variante agora, (se for) do mesmo género da Delta – mais rápida, mais letal e que escapa às vacinas – é um desastre total ainda por cima nesta altura do ano”, sublinha.

“Estamos a anteceder agora o período mais crítico, de janeiro, fevereiro, e uma nova variante tem de ser monitorizada com muito cuidado. Eu acho que devíamos fechar as fronteiras com as regiões afetadas por essas variantes”, defende.

Henrique Oliveira sublinha que “a precaução obriga-nos a que imediatamente comecemos a restringir viagens dessas regiões. Temos de ser muito cuidadosos porque temos um país com pessoas muito idosas que não suportam mais um impacto de uma variante como a inglesa, que entrou antes do Natal de 2020”, afirma.

Apesar de ainda não se saber o nível de infecciosidade nem de resistência às vacinas, o especialista alerta que se esta nova variante “for mais rápida a contagiar ou se escapar às vacinas”, sito pode significar “uma nova doença, uma nova pandemia”.

Já Bernardo Gomes, professor na Faculdade de Medicina e no Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), é mais cauteloso na sua visão, mas defende também algumas restrições de viagem.

“Julgo que é uma altura para lembrar que a pandemia não acabou e que continua a haver a necessidade de monitorizar variantes e fazer uma distribuição equitativa de vacinas pelo mundo”, começa por referir à Multinews.

O responsável diz que “o que se sabe desta variante para já é motivo para estarmos atentos, mas não é prudente fazer grandes considerações sem mais dados que vão surgir nas próximas 48 horas”.

“Na prática há muitas pessoas infetadas na Europa, mas ainda ficam questões importantes por responder, como o impacto clínico”. Ainda assim ressalva: “É perfeitamente legitimada alguma apreensão e preocupação nesta altura para perceber o que se passa”.

Bernardo Gomes indica que “aquilo que uma nova variante deve exigir (sobretudo nas circunstâncias de Portugal, de uma nova vaga) é essencialmente ter uma maior cautela” e “estarmos atentos ao trânsito de Moçambique para Portugal, dado que esse país está na zona afetada”.

Contudo, quanto a um fecho de fronteiras para todos os países sul-africanos afetados, o especialista deixa um alerta: “Restringir viagens sem suporte financeiro e vacinas é errado, mas no mínimo seria de ter uma atenção especial aos voos de Moçambique para Portugal e ter um seguimento da testagem destes indivíduos com maior atenção”, sublinha. 

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