Cabaz alimentar já custa 235 euros. Do bacalhau à cebola e ao café, estes foram os 10 produtos que mais aumentarem de preço na última semana

O preço do cabaz de bens alimentares essenciais desceu de preço esta semana, depois de quatro semanas consecutivas de subidas e após ter atingido um valor recorde de praticamente 235 euros. Segundo a mais recente análise da Deco/Proteste, o cabaz alimentar considerado custava esta semana 226,15 euros, uma descida de 3,7% (e de 8 euros e 70 cêntimos) face à semana anterior.
Ainda assim, quando comparado ao mesmo cabaz comprado antes da guerra na Ucrânia, o preço aumentou 42,52 (23,16%).
Desde o início do ano, e mesmo com o abrandamento da taxa de inflação, o cabaz já subiu 6,74 euros (mais 3,07%), sendo que comparando o valor desta semana com o mesmo cabaz comprado há um ano, o aumento é de 33,87 euros, ou seja, mais 17,61%.
A associação de defesa do consumidor tem monitorizado todas as semanas os preços de um cabaz de 63 produtos alimentares essenciais que inclui bens como peru, frango, pescada, carapau, cebola, batata, cenoura, banana, maçã, laranja, arroz, esparguete, açúcar, fiambre, leite, queijo e manteiga.
Na última semana, os dez produtos com maiores subidas de preço foram o bacalhau (15%), o café torrado moído (14%), as massas espirais (12%), a perna de peru (10), o pão de forma sem côdea (8%) o óleo alimentar 100% vegetal (8%), a pescada fresca (8%), a cebola (7%), o azeite virgem (7%) e o fiambre da perna extra (6%).
Já os dez produtos que mais viram o seu preço aumentar desde o início da guerra na Ucrânia, ou seja desde 24 de fevereiro de 2022, foram a couve coração (123%), o arroz carolino (85%), a cebola (78%), a polpa de tomate (75%), a cenoura (67%), o salmão (63%), o azeite virgem (59%), o açúcar branco (52%), a alface frisada (51%) e a couve flor (49%).
A maior subida de preços, desde início da guerra na Ucrânia até agora, registou-se nas categorias de fruta e legumes (aumento de 32,33%, 7,63 euros) e peixe (29,66%, 17,89 euros).
A associação explica que este aumento se deve ao facto de Portugal estar “altamente dependente dos mercados externos para garantir o abastecimento dos cereais necessários ao consumo interno”, que “representam atualmente apen as 3,5% da produção agrícola nacional: sobretudo milho (56%), trigo (19%) e arroz (16%).
“E se no início da década de 90 a autossuficiência em cereais rondava os 50%, atualmente, o valor não ultrapassa os 19,4%, uma das percentagens mais baixas do mundo e que obriga o País a importar cerca de 80% dos cereais que consome”, acrescenta a Deco.
O organismo esclarece que “a invasão da Rússia à Ucrânia, de onde provém grande parte dos cereais consumidos na União Europeia, e em Portugal, veio, por isso, pressionar ainda mais um sector há meses a braços com as consequências de uma pandemia e de uma seca com forte impacto na produção e na criação de stocks”.
“A limitação da oferta de matérias-primas e o aumento dos custos de produção, nomeadamente da energia, necessária à produção agroalimentar, podem, por isso, estar a refletir-se num incremento dos preços nos mercados internacionais e, consequentemente, nos preços ao consumidor”, sublinha.