Blinken diz que os Estados Unidos são melhores parceiros do Sahel do que a Rússia

O Secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, disse numa entrevista que o seu país era um melhor parceiro do que a Rússia para ajudar a região do Sahel a combater a pobreza e a violência que a atormentam.

Nesta entrevista à agência AFP na noite de quinta-feira, em Niamey, Blinken reconheceu que a abordagem totalmente militar dos Estados Unidos e da França, a antiga potência colonial nesta região, não era suficiente.

“Uma abordagem holística e abrangente é absolutamente necessária, na qual a segurança é absolutamente necessária, mas não suficiente”, disse.

“O facto de o Níger, que é claramente um dos países mais pobres do mundo, ser tão eficaz, sublinha a importância de escolher esta abordagem global”, acrescentou.

Após uma reunião na quinta-feira com o Presidente do Níger, Mohamed Bazoum, anunciou mais 150 milhões de dólares (cerca de 141 milhões de euros) em ajuda humanitária aos países do Sahel, incluindo o Níger, elevando o total para 233 milhões de dólares (cerca de 219 milhões de euros) para 2023.

Também destacou o apoio de Washington a Niamey através de um programa de reintegração dos terroristas arrependidos, um projeto para melhorar a irrigação e a agricultura resistente ao clima no país árido.

No entanto, disse que, além da ajuda humanitária e de desenvolvimento, era necessário manter laços de segurança com o Níger, onde os Estados Unidos têm a Base 201 da Força Aérea no norte, a partir da qual são pilotados drones de ataque e vigilância contra os terroristas.

A França ainda tem cerca de 1.000 tropas no Níger, após ter sido forçada a retirar as suas tropas do Mali e do Burkina Faso, países governados por líderes militares golpistas e também atingidos pela violência terrorista.

A União Africana pronunciou-se contra a presença militar estrangeira no continente, incluindo a da China, que instalou a sua primeira base no Djibuti.

“Estas parcerias que temos, não as impomos a ninguém. Os países escolhem ser parceiros ou não”, disse Antony Blinken, questionado sobre a base norte-americana no Níger.

“O trabalho que podemos fazer para combater grupos terroristas, grupos extremistas, beneficiará outros a longo prazo”, acrescentou.

A administração Biden quer envolver-se mais em África para contrariar influências crescentes, particularmente da Rússia.

O Mali, que faz fronteira com o Níger, aproximou-se desse país e quebrou a sua aliança militar com a França e os seus parceiros na luta contra o terrorismo.

Em fevereiro, foi um dos seis países a apoiar a Rússia na votação contra uma resolução da Assembleia Geral da ONU que instava Moscovo a retirar-se da Ucrânia.

O ocidente afirma que mercenários do grupo paramilitar russo Wagner estão em Bamako, o que o Mali nega, referindo-se a instrutores russos.

Em dezembro, o Presidente ganês, Nana Akufo Addo, disse que Wagner estava também no Burkina Faso, o que Moscovo e Ouagadougou negaram.

“Onde quer que Wagner vá, coisas más tendem a acontecer”, disse Antony Bliken, que não respondeu diretamente a uma pergunta sobre a presença do grupo no Burkina Faso.

“Onde o vimos agir, ele não aumentou a segurança, pelo contrário, vimos finalmente as coisas piorarem, a exploração dos recursos e a corrupção. A violência que este grupo gera é uma epidemia que se está a propagar entre as pessoas e países que escolheram trabalhar com ele”, disse.

O grupo Wagner, liderado pelo empresário russo Yevgeny Prigozhin, foi acusado de abusos na República Centro-Africana, Líbia e, mais recentemente, na guerra na Ucrânia.

Um alto funcionário norte-americano em viagem com Blinken disse que a mudança do grupo Wagner para países francófonos não foi acidental, uma vez que a Rússia tinha suscitado ressentimentos pós-coloniais.

“O desafio para todos nós – nós, a França, os nossos parceiros – é demonstrar, através do trabalho que realizamos juntos, que obtemos resultados que são em benefício do povo, dos cidadãos, que respondem aos seus desejos, às suas aspirações”, referiu.

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