Abusos sexuais na Igreja: PJ avisa que “investigação será difícil” porque não há vitimas identificadas

Perante os casos de denúncias de abusos sexuais, ouvidos, reunidos e validados pela Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa, alguns foram comunicados ao Ministério Público, mas a investigação aos mesmo “será difícil”, admite a Polícia Judiciária.

A admissão é feita por José Matos, coordenador do combate ao crime sexual da PJ, que à Renascença explica que a investigação é dificultada pelo facto de as vítimas não estarem identificadas nos casos reunidos pela comissão.

“A criminalidade sexual é um crime contra as pessoas e nós não temos uma vítima. Nos processos que foram transmitidos à polícia não há vítimas identificadas. Não havendo vítimas identificadas não conseguimos ter a evidência do abuso”, afirma o responsável, apontando ainda que o facto de algumas denúncias já dizerem respeito a alegados crimes cometidos há muito tempo também dificulta a investigação.

A Comissão Independente pediu celeridade na resposta da justiça aos casos de abusos sexuais na Igreja, mas Leonor Furtado, juíza no Supremo Tribunal de Justiça diz que a demora nestes processos não é um problema.

“Normalmente, este tipo de processos tem uma tramitação célere, são investigados com muito rigor e os tribunais têm uma capacidade de intervenção e de compreensão do que está em causa que se transmite e se revê depois nas próprias penas que são aplicadas”, afirma a magistrada à mesma rádio, defendendo que o problema não é só da Igreja: “É de todos nós”.




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