Más praticas clínicas: Bastonário dos Médicos confirma um caso no serviço de cirurgia do Hospital Amadora-Sintra

Depois de 22 denúncias de casos de aleadas más práticas clínicas no serviço de cirurgia do Hospital Amadora-Sintra, o relatório de peritos já está finalizado e, segundo o bastonário da Ordem dos Médicos, confirmou-se pelo menos um caso de más práticas naquela unidade de saúde.
De acordo com o que revela o responsável ao JN, o relatório de peritos da Ordem dos Médicos já foi entregue ao ministro da Saúde Manuel Pizarro.
O documento, a ser apresentado em breve, também já teve as suas conclusões entregues à administração do hospital. Miguel Guimarães adianta que, perante a gravidade da situação, há cirurgiões descontentes que ponderam vir a deixar de trabalhar naquela unidade de saúde.
Recorde-se que foi o ex-diretor do serviço de cirurgia geral do Hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra) um dos que denunciaram casos de doentes que “morreram e ficaram mutilados” na sequência de cirurgias realizadas naquela instituição. As denuncias, registadas no ano passado, surgiram entre outubro e dezembro.
Para além do inquérito aberto pela Ordem dos Médicos, e cujo relatório já está terminado, foram também abertos processos da Entidade Reguladora da Saúde (ERS), Inspeção-Geral das Atividades em Saúde, e pelo Ministério Público.
A Entidade Reguladora da Saúde (ERS) revelou a abertura de uma investigação sobre os casos denunciados de alegada má prática clínica no Hospital Fernando Fonseca (HFF) há poucas semanas. “A ERS, após ter tomado conhecimento das notícias difundidas, sexta-feira, 13 de janeiro de 2023, em meios de comunicação social, decidiu proceder à abertura de processo administrativo para investigação dos factos alegadamente ocorridos no serviço de cirurgia geral do Hospital Amadora-Sintra”, divulgou fonte oficial do regulador à agência Lusa.
A diretora clínica do HFF Ana Valverde assegurou, em nome do Conselho de Administração, que as averiguações “serão levadas às últimas consequências” e que “se houve erro, não será ignorado”. “Sabemos que nos últimos tempos lidamos com situações de doença avançada complicadas, fruto dos três últimos anos de pandemia, mas, contudo, os nossos profissionais, em todas as áreas, fazem todos os dias o seu melhor para, de acordo com as boas práticas clínicas, prestar os melhores cuidados aos nossos utentes”, acrescentou a diretora clínica numa mensagem de vídeo.
Ana Valverde confirmou que a unidade teve conhecimento das más práticas clínicas de cirurgia geral e que a “denúncia foi encarada com a correspondente responsabilidade e seriedade”. “De imediato foram desenvolvidas diligências e instaurado um processo de inquérito para apurar a verdade dos factos e as responsabilidades”, assegurou.
Quando o hospital ficou a par das diligências, iniciou “uma auditoria clínica do serviço de cirurgia geral, enviou a denúncia para a Ordem dos Médicos, “para solicitar um processo de averiguação independente sobre as alegações do ex-diretor”, e comunicou-as à Inspeção Geral das Atividades em Saúde (IGAS).
Ao ser informado, o ministro da Saúde Manuel Pizarro garantiu que em breve serão expostas as conclusões da investigação. “Espero que nos próximos dias […] haja conclusões que permitam sossegar […] a opinião pública”, comentou.