Ucranianos querem libertar a Crimeia com ou sem ajuda do Ocidente, indica sondagem

A maioria dos ucranianos quer que o presidente Volodymyr Zelensky continue a tentar libertar a Ucrânia da invasão russa que teve início a 24 de fevereiro de 2022 e, independentemente do apoio do Ocidente, querem recuperar a Cimeira, de acordo com uma nova sondagem.

Cerca de 64% do povo ucraniano acredita que a Ucrânia deveria retomar todo o território ocupado pela Rússia desde 2014, mesmo que isso implique receber menos apoio do Ocidente, indica o inquérito conduzido pelo Instituto Internacional de Sociologia de Kiev (KIIS) entre 22 de fevereiro e 6 de março, que contou com mais de dois mil participantes.

Um ano após o início da guerra, não parece haver esperança de novas negociações de paz. Moscovo exige que quaisquer conversações comecem com a aceitação da sua ocupação do território ucraniano, enquanto que a Ucrânia reivindica que as tropas russas terminem a “ofensiva militar russa”, como lhe chama o presidente da Rússia, Vladimir Putin.

Apesar de quase 13 meses de sofrimento, destruição e elevadas baixas no campo de batalha, a maioria dos ucranianos parece continuar empenhado em alcançar a vitória. Em janeiro, o presidente do Estado-Maior Conjunto, Mark Milley, expressou as preocupações ocidentais de uma guerra longa e dispendiosa sem uma solução diplomática, ao defender que será “muito, muito difícil retirar militarmente as forças russas da Ucrânia ocupada pela Rússia” este ano.

A libertação da Crimeia, ocupada e anexada pela Rússia em 2014 e agora lar de uma considerável população russa, é um assunto particularmente sensível, dado o seu valor político e militar para Moscovo. Ainda assim, a maioria dos inquiridos declarou ser a favor da libertação da Crimeia, mesmo correndo o risco de provocar uma redução no apoio dos aliados ocidentais da Ucrânia.

Já 24% dos ucranianos que participaram na sondagem são a favor de uma alternativa para que a região do Donbass, agora ocupada, seja inteiramente libertada, contudo a Ucrânia abstém-se de operações militares na península da Crimeia.

O membro do parlamento ucraniano, Oleksandr Merezhko, em representação do partido Servo do Povo de Zelensky, disse à Newsweek que Kiev ainda tem “algum caminho a percorrer” para conquistar totalmente os seus parceiros ocidentais nesta questão. “Penso que os Estados ocidentais ainda estão hesitantes em relação à libertação da Crimeia porque têm medo da ‘escalada nuclear'”, salientou.

“Para mim, estão a cair na chantagem de Putin”, comentou Merezhko, que é também o presidente da comissão de negócios estrangeiros do parlamento ucraniano. “Ao mesmo tempo, vejo que há uma mudança gradual na posição dos Estados ocidentais: estão cada vez mais inclinados a apoiar a libertação da Crimeia. Penso que muita coisa se tornará clara assim que as tropas ucranianas começarem a libertar a Crimeia”, acrescentou.

Kiev tem mantido pressão sobre a Crimeia desde que começou a invasão russa em larga escala, ignorando as ameaças do Kremlin de retaliação severa. As forças ucranianas lançaram múltiplas operações contra as infraestruturas militares russas na península e, em outubro, forçaram mesmo o encerramento temporário da Ponte do Estreito de Kerch – o principal símbolo do controlo russo sobre a Crimeia – através da explosão de um camião bomba na estrutura.

Embora ainda não seja possível afirmar que a Ucrânia irá tentar defender e recuperar a Crimeia, a contraofensiva ucraniana, que está planeada para a primavera, pode incluir um ataque contra os soldados russos nesta região.

A invasão russa desencadeou uma guerra de larga escala que deixou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Não é conhecido o número de baixas civis e militares do conflito, contudo diversas fontes, entre as quais a Organização das Nações Unidas (ONU), admitiram que será elevado.

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